quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Recuperação dos presídios do País

Divulgado no Fórum de Leitores eletrônico do jornal O Estado de São Paulo – 21 Nov 2012
A propósito das matérias “Toffoli diz que penas a réu do mensalão são medievais e “’Terror’ em prisão leva à violência, diz Cardoso”, inseridas na primeira página do Estadão de ontem, 15 de novembro, constata-se que o despertar da preocupação de elevadas autoridades da República com a situação ambiental dos bandidos e a consequente inserção do assunto na agenda política nacional ocorre no momento em que os figurões do Mensalão são condenados ao enjaulamento. Simples coincidência, oportunismo resultante da indigência intelectual, falta de qualificação pura e simples ou surgimento de notáveis estadistas em nosso deserto político?
Tomando emprestado o pensamento do Ministro Joaquim Barbosa --- algoz dos criminosos hediondos do colarinho branco ---, enquanto apenas os pobres e demais desvalidos eram condenados, essa questão permanecia nas sombras das consciências de nossos líderes. Nossos não, de quem os investiu nessa condição.
Será que quem agride, ofende, mata, rouba e pratica ações bárbaras, nas ruas ou nos gabinetes, tem maior prioridade do que aqueles que vivem em favelas, do que as criancinhas que morrem por falta de condições sanitárias satisfatórias, do que os velhinhos que antecipam o término de sua existência por falta de assistência de saúde, do que as famílias que perdem seus entes queridos no trânsito, do que os professores das escolas públicas?
Não hesito em responder: vamos atribuir prioridade máxima, absoluta para todos os integrantes de quadrilhas --- aí incluídos os bandidos do Mensalão ---; vamos dar-lhes condições dignas de espiarem seus malfeitos; vamos propiciar-lhes a oportunidade de se regenerarem. Isso a despeito da dúvida atinente à possibilidade de recuperação para quem historicamente vem mentindo  para seus contemporâneos (tem gente que tem história na busca de conhecimento e treinamento para a guerrilha em país nazicomunista; na constituição de família; e na práxis política, em geral).
Aponto a solução prioritária, mas faço questão de indicar a fonte orçamentária. Os aportes financeiros para o aparelhamento de nossos presídios devem ser buscados na recuperação das centenas de milhões de recursos públicos que os componentes da quadrilha do Mensalão e as demais têm desviado em favor de seus interesses escusos e contrários a uma sociedade democrática, fraterna, solidária e justa.

(Colaboração: Isabel KSRS)