sexta-feira, 6 de maio de 2016

A virtude como norma

Considerando a suspensão, neste início de maio de 2016, do senhor Eduardo Cunha do exercício do mandato de Deputado Federal, bem como do cargo de Presidente da Câmara de Deputados, pelo egrégio Supremo Tribunal Federal, um macaco refletindo com seus botões, formulou três magníficas pérolas.
O juiz Sérgio Moro é motivador e líder da Operação Lava-Jato, que envolve, além da Justiça Federal do Paraná, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal. Essa Operação tem logrado êxito no desbaratamento da rede de corrupção formada por políticos, empresários e funcionários da Petrobras.  A  recorrente eficácia do doutor Moro forçou uma demonstração de presteza e contundência na atividade dos magistrados supremos. Constata-se que essa inovadora vontade de agir elimina o acinte à cidadania e traz consequências benéficas que ultrapassam a fronteira da previsibilidade.
Tendo em vista que alguns dias antes, houve por aquela colenda Corte, a aprovação do rito do processo de impeachment da senhora Dilma Roussef, em relação ao cargo de presidente da República — o que certamente acarretará a queda dessa venerável senhora —, os magistrados supremos implementaram a lógica do dominó na política brasileira. Qual será a próxima pedra a tombar? O vice-presidente da Câmara, no exercício da Presidência, acusado no âmbito justiça federal por corrupção; o presidente do Senado Federal que já tem nove processos na justiça federal, pela mesma razão? Bem, mas daí resulta um enorme problema: quem restará na cadeia da sucessão presidencial? O Jean Willys, deputado que cuspiu no outro em plenário; o Tiririca, humorista que brincou de candidatar-se ao Parlamento e foi eleito com votação estrondosa; ou o Valdir Maranhão, que no exercício da Presidência da Câmara — afora voltar atrás, com frequência, por conta de decisões absurdas — não consegue presidir qualquer sessão daquela egrégia casa legislativa?
É imperioso recordar o que disse um líder jovem,  conforme relato de um magistrado supremo em seu voto pela suspensão do mandato do senhor Cunha: “eu não quero esse Brasil; eu quero um Brasil novo!”.

Deixando de lado as reflexões babuínas, fica a expectativa e a esperança de que é possível construir esse Brasil novo. É possível sonhar com um Brasil onde prevaleça a decência, a ética e a solidariedade; onde a virtude seja a norma e a vileza seja a exceção, devidamente avaliada e reprimida.

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