quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Ensinamentos históricos


[Mensagem acolhida pelo jornal O Estado de São Paulo e divulgada em seu Fórum de Leitores, versão eletrônica, em 1º./10/2016]
          
         Com relação ao acordo entre o governo da Colômbia e os guerrilheiros das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que encerrou um conflito de mais de quarenta anos e que deixou cerca de 220.000 mortos, é imperioso apresentar o testemunho que se segue.

Em 1999, quando trabalhava em Teerã-Irã, na condição de Adido de Defesa, ouvi do diplomata Ramiro, embaixador da Colômbia naquele país, o seguinte  comentário: 
          “Vocês tiveram um foco de guerrilha em Chambioá, na Amazônia. À custa de cerca de 100 mortos, vocês destruíram o movimento insurgente. Na Colômbia, recusamo-nos a agir de forma similar. Passadas quase três décadas,  já contabilizamos mais de 100.000 mortos nos combates com os guerrilheiros, ou seja, para cada brasileiro morto, 1000 colombianos foram sacrificados. Do ponto de vista individual, uma ou mil perdas são a mesma coisa; do prisma coletivo, de uma visão estratégica, uma estupidez não tem expressão se comparada com mil atitudes estúpidas.”  
          E concluiu nostálgica e tristemente: 
         “Os soldados brasileiros devem ser parabenizados pelo que evitaram”.
Os cidadãos e os intelectuais engajados na esquizofrenia petista-comunista e os demais brasileiros que lhes sufragam com apoio e admiração odiariam ouvir esse testemunho. Primeiro, pela jamais admitida derrota nas tentativas de estabelecimento de conflito guerrilheiro no Brasil e a consequente conquista do poder pelas armas, mas também pela absoluta impossibilidade de se livrar da verdade que o testemunho contém.
Evidentemente, que os canalhopatas continuarão trabalhando com sofreguidão para desmerecer o que brasileiros de boa fé, especialmente os militares, empreenderam para livrar o Brasil do regime que fracassou em todos os quadrantes da terra. Por uma questão de decência, verdade e ética, que fique muito claro: os excessos existiram e se enquadram na impossibilidade de o ser humano concretizar suas obras no patamar da perfeição. 
Entre os excessos brasileiros daquele período e a prática habitual de comunistas e nazistas — sem qualquer hesitação — não há comparação, não há semelhança, se vistos com juízo honesto. A justificativa é simples: 600.000 menores de idade foram sacrificados pelos nazistas na Alemanha nas décadas de 1930 e 1940; e 700.000 menores de idade foram sacrificados na Ucrânia pelos comunistas no mesmo período (em ambos os casos, a citação refere-se a 10% dos cidadãos mortos em circunstâncias específicas pelos respectivos regimes). Quanto a esses dados, não raro, falta coragem intelectual e moral para divulgá-los, especialmente para a juventude.

De qualquer sorte, a transformação do Brasil num país com igualdade de oportunidade e com a prevalência da justiça, ética e demais virtudes da cidadania requer a análise atenta dos ensinamentos históricos, sem preconcepção no que diz respeito a acertos e erros do passado.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Os meninos de Brasília


          No âmbito da Operação Lava Jato — na qual a Polícia Federal, a Receita Federal, o Ministério Público Federal e a Justiça Federal de Curitiba empreendem rigoroso combate à corrupção no Brasil — os seguintes fatos ocorridos no mês de setembro do corrente ano merecem destaque:
          – o acolhimento pela Justiça Federal de Curitiba de denúncia,  contra Luis Lula da Silva, ex-presidente da República, e contra sua mulher Letícia da Silva,  tornando-se ambos réus a serem julgados naquela instância judicial — Lula reagiu com acerbas críticas à atuação dos integrantes da Operação Lava Jato, referidos por ele como "meninos de Curitiba"; 
          – a prisão de Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda do governo Lula — posteriormente liberado porque estava acompanhando sua esposa em ocorrência médica no hospital Alberto Einstein, em São Paulo;
          – a prisão de Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda do governo Lula e ex-Chefe da Casa Civil do governo Dilma.

          Hoje, em face de proposta do Ministério Público Federal, ainda no âmbito da Operação Lava Jato, o Supremo Tribunal Federal acolheu denúncia do Ministério Público Federal e tornou  réus a senadora Gleisi Hoffmann, ex-chefe da Casa Civil do governo Dilma e seu marido Paulo Bernardo, ex-ministro do governo Lula.
          
          Então, enviei por intermédio de Isabel a seguinte mensagem para o jornal O Estado de São Paulo: 

          "Como se não bastassem os meninos de Curitiba, agora são esses meninos de Brasília! Que perseguição! Mas bandidos devem ser perseguidos — pela lei, pela justiça e pela democracia; que eles tão bem desconhecem!" IKSRS


sábado, 24 de setembro de 2016

Sonhar para vencer a utopia


      [Mensagem acolhida pelo jornal O Estado de São Paulo e divulgada em seu Fórum de Leitores, versão eletrônica, de 27/09/2016]

O editorial A Lava Jato fica e a tigrada passa (Estadão, de hoje, 24 de setembro) menciona “a alegria e orgulho dos brasileiros honestos”, no bojo de excelsa avaliação da marcha saneadora desencadeada pelos organismos democráticos contra a corrupção oficial. E encerra com otimismo pela possível permanência do processo para livrar o aparelho estatal de suas enfermidades institucionais. É oportuno solidarizar com as ideias contidas naquele texto.
No livro Trópicos utópicos, mercê de uma minimalista e cirúrgica análise do pensamento ocidental e mundial, Eduardo Giannetti cogita de uma civilização brasileira baseada “na biodiversidade da nossa geografia e a na sociodiversidade da nossa história”. Ele conquistou o mérito de pensar o Brasil, mas tudo indica que optou por ignorar o varejo atual: o que líderes da maioria dos partidos políticos estão aprontando nos recônditos do metabolismo sócio-político e econômico ancorado em Brasília. Não há diversidade. O padrão comportamental é similar, em uma parcela expressiva da extrema esquerda à extrema direita — se é que podemos caracterizar dessa forma esses canalhas da falsa representação popular nos poderes da República.
Há esperança? Claro! Assim, para começar, os bandidos, os corruptos e os desonestos de quaisquer longitude e latitude devem ser perseguidos pela justiça, pelo sistema democrático, e pelos que prezam a decência, a moral e a ética — enfim, por todo o aparato do Estado, com a finalidade precípua de proteger os cidadãos que conformam a sociedade e a Nação brasileiras.
Essa atitude e aspiração têm fundamento não apenas nos enormes prejuízos causados ao País, mas também no fato de que os políticos corruptos não se importam nem mesmo com a desmoralização de suas próprias famílias. De forma inequívoca, constata-se que eles envolvem despudoradamente esposas, filhos e filhas no mar de lama em que não hesitam em chafurdar. Não há limite para a ação criminosa desses líderes.
Nesse sentido, avante Polícia Federal, Ministério Público da União, Receita Federal  e Justiça Federal. E sejam implacáveis com a corja que dominou as altas esferas governamentais da República; sejam implacáveis com todos que zombam, desrespeitam, desmoralizam o bom senso, a lógica, a razão, a justiça e a emoção das pessoas de boa fé.

Do êxito da ação institucional em curso, poderá prevalecer — em oposição ao histórico e duradouro varejo — a diversidade histórica que o sr. Giannetti está propondo como fundamento de rumos próprios para o Brasil. Imagino que a visão que seu talento explicita não é apenas uma brincadeira utópica de uma mente grandiosa: é um sonho a perseguir, durante todo o tempo, em todos os lugares e por todos os cidadãos; com coragem, pertinácia e comprometimento.