sábado, 26 de novembro de 2016

Ser, pensar, saber e a verdade

Esta manhã, foi anunciada a morte de Fidel Castro.
Em vida, ele se perguntou se a História o condenaria ou absolveria.
Ele tinha dúvidas, mas não deveria tê-las.
Fez uma revolução sangrenta e matou milhares sem julgamento.
Tentou exportar a revolução, o que resultou num enorme fiasco.
Tornou Cuba não dependente dos Estados Unidos e escravizou-a aos desígnios da União Soviética em troca de esmolas para a sobrevivência.
Sem esse apoio, colocou seu povo em condição de severas privações.
Governou sem mandato durante mais de quatro décadas.
Privou o povo cubano de liberdade.
Obrigou milhares a fugir de seu torrão natal.
Como a totalidade dos ditadores, desconsiderou a verdade e atribuiu a culpa das mazelas de sua administração a ações internacionais.
Transmitiu aos ingênuos, desavisados, sobretudo jovens, a esperança inútil, inócua e equivocada.
Por conveniência, falha de juízo de valor, má fé ou outros motivos, agregou apoio de líderes e de intelectuais.
Por extensão ou empatia, levou muitos a macular a verdade e atribuir-lhe uma importância que a rigor não teve — a tal ponto que ainda hoje assistimos incautos a tecer-lhe loas de forma até irracional.
Passou o governo para seu irmão como se ilha caribenha fosse uma grande fazenda.
Enfim, passou aos arquivos da História que contêm Hitler, Stalin, Pol Tot e outros.
A História não condena ou absolve, apenas registra.
A História não faz discernimento entre decência ou mentira, ética ou sua ausência.

Agora que a morte o levou, não cabe condenar ou absolver, mas à luz dos atributos de ser, pensar e saber, cabe apenas contemplar a verdade.

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