segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Coragem, honestidade e verdade


[Mensagem divulgada na coluna Sr Redator, do Correio Brasiliense de 22/2/2017]
          
O artigo “Precisamos falar sobre Bolsonaro”, do senhor Leonardo Cavalcanti (Correio Braziliense de 20 de fevereiro) analisa os possíveis candidatos da eleição presidencial de 2018. Nesse sentido, é oportuno asseverar que o texto contém uma virtude: a proposição de debate sobre o provável candidato Bolsonaro; e um vício: a assertiva de que os oponentes do Bolsonaro são sábios e os demais são idiotas. 
           De um lado, o senhor Cavalcanti se despoja dos erros dos adversários do senhor Trump — a mídia, os intelectuais e os democratas americanos asseveravam que ele perderia inapelavelmente; de outro, ele abraça-os com inexplicável inconformismo — de forma similar ao que ocorreu no vizinho do norte, atribuindo a outros todos os defeitos possíveis. 
           Por imperioso, é razoável asseverar que constitui engano fatal alguém pensar que está sempre certo e os oponentes inequivocamente errados. Ademais, repetir erro já cometido não é prova de lucidez
           Por último e fundamentalmente importante, é fácil inferir que, no deserto de ética e honestidade da política brasileira, basta a um político ter coragem, não se deixar corromper e falar a verdade, para ganhar a eleição presidencial de 2018. Não é essa a práxis do Bolsonaro?

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Autofagia intelectual


        Desde os primórdios da civilização, os intelectuais têm sido a referência da decência e da ética. Alternativamente, uma parcela dos intelectuais brasileiros tem se notabilizado pela defesa dos governos petistas que conseguiram a façanha de atingir os maiores índices de corrupção da história da Humanidade. A atitude de nossos escritores no recebimento do prêmio Camões 2016 é um indicador de autodestruição em estado puro. É imprescindível um hercúleo esforço para salvar o Brasil da condenação que políticos e intelectuais lhe impuseram; e, como se isso não bastasse, insistem em recuperar a nefasta faculdade autofágica.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Estatura, coragem e lucidez

        No que concerne à sequência de decisões e medidas desastrosas adotadas pelo governo Temer, com a participação majoritária, no ministério e nos principais postos do Congresso, de políticos com graves acusações em corrupção; e o desencadeamento de propaganda do senhor Lula da Silva visando à eleição presidencial de 2018, coloco minhas ponderações.
       É imperioso que surja alguém para se opor de forma cristalina e pública contra os ministros de Estado e parlamentares acusados em processos em curso na Justiça de mal feitos de toda ordem; bem como contra o senhor Lula — três vezes declarado réu pela Justiça no âmbito da Operação Lava-Jato. É preciso estatura política para tal atitude. É difícil mas deve ser tentado.
       Se não for possível, resta a ruptura institucional. Aí é preciso coragem. É difícil mas pode se tornar imprescindível.
       Em ambos os casos, é preciso lucidez. E as pessoas lúcidas precisam encorajar, primeiro alguém com estatura política; e, por último, se for o caso, alguém com coragem para desencadear o processo.
       O Brasil merece líderes com estatura de estadista e com comportamento ético inatacável. É possível construir uma sociedade solidária, generosa, fraterna e justa. Não é razoável desistir, omitir e acovardar.

       Desculpem-me todos. “Não se pode mudar o vento, mas é possível ajustar as velas para chegar ao destino.” (Confúcio)

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Um único brejo

Diante da possibilidade de o senhor Lula da Silva lançar sua candidatura à presidência da República para a eleição de 2018, algumas ponderações são necessárias. 
No Brasil, existem cerca de 25% de petistas, 35% de indefinidos (nem sempre sabem exatamente o que são nem para onde querem ir) e 30% de conservadores. Restam 10%, que são cogitados apenas para caracterizar a imprecisão dos dados. Embora os dados sejam incertos, servem para a formulação de uma opinião.
Uma questão essencial é a existência de um político que sensibilize a maioria dos indefinidos, os 5 ou 10% de petistas insatisfeitos com a vida e os 5% ou 10% conservadores também insatisfeitos com sua realidade.
Outra questão essencial: se existe candiadato, quem é? Caiado, Bolsonaro, Alkmin, Doria, Carmem Lúcia, Rodrigo Maia, Regufe, Nelson Jobim, Moro, Joaquim Barbosa ou outro, hoje considerado improvável?
Se as questões essenciais (desta formulação) forem resolvidas, o Lula vai para o brejo; se não, nós é que iremos. Enfim, é preciso alguém com estatura e coragem para enfrentar o molusco, e desmenti-lo, desmascará-lo, desmistificá-lo e deixá-lo apenas com os fanáticos que afrontam o bom senso, a lógica e a razão.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

(Des)governança do Brasil

Em relação à matéria “Multidão e políticos dão adeus a Marisa” (Estadão, de 5 de fevereiro), há ponderações que não podem ser ignoradas. A morte da senhora Marisa Letícia, esposa do ex-presidente Lula da Silva, provoca reflexão e lembra o poeta britânico John Donne que, de forma emblemática — e em tradução livre e descompromissada —, afirmara que “quando alguém morre, um pouco de cada um vai junto, ... e assim os sinos dobram por todos”. De qualquer sorte, de um lado, há o lamento resultante do trauma essencial da existência, do deixar de ser ou do não ser; de outro, há o alívio das consequências da natural degeneração que é imposta aos seres humanos. Então, a generosidade oferece o sentimento que deve prevalecer neste momento e que pode ser interpretado por comiseração, piedade e conformismo.
Os abraços solidários de notáveis autoridades ao enlutado ex-presidente traz a lembrança de que a senhora que se foi nem sempre pôde representar o Brasil, especialmente em ocasiões formais no exterior; e diante das evidências de que o mundo que a cercou em vida foi permeado de dúvidas quanto à lisura da gestão de bens públicos, conforme atestam os procedimentos judiciais que atribuíram ao ex-presidente a condição de réu. Então, o realismo pode traduzir a essência das imagens divulgadas e que podem ser associadas com hipocrisia e desonestidade.

Que a vitimização midiática não crie condições para que se atribua inocência ao senhor Lula da Silva, que tantos males causou a tantos brasileiros durante um exíguo tempo histórico; e, por via de consequência, pavimente o seu retorno à (des)governança do Brasil.