sábado, 17 de março de 2018

Assassinato de Marielle

"O lavrador perspicaz conhece
o caminho do arado".

Homenagem a Oscar Barbosa Souto,
antigo lavrador.
In Memoriam.
O editorial “O assassínio da vereadora” (Estadão de hoje, 17 de março) apresenta um excelente síntese de aspectos relevantes no nefasto crime. O aproveitamento político do evento é destacado com ênfase no texto. Inicialmente, cumpre destacar que toda morte é lamentável e representa uma perda para cada ser humano que habita a Terra. Mas entre os mortos não há hierarquia. Atribuir relevância apenas a esse crime é disfunção das sociedades com indigência organizacional.
É imperioso chamar a atenção para a inferência de que os personagens apontados no texto estão em segmentos da mídia, dos artistas, dos intelectuais e dos políticos de esquerda. Eles tem agregado aos ensinamentos para o sucesso político — formulados por Quintus Tullius Cicero, a seu irmão Marcus Tullius Cicero (em Commentariolum Petitionis) e de Nicolau Machiavel (em O Príncipe) — o disfarce, a mentira, a distorção dos fatos históricos e a invenção de outros, como mecanismo de atuação para a conquista ou a permanência no poder. Então, a condução dos negócios públicos, que dependem da comunicação (expressos pela mídia e por artistas), dos valores básicos (sintetizados por intelectuais) e da gestão (sob a responsabilidade dos políticos), são intoxicados e maculados pelo oportunistas, em prejuízo da sociedade e da Nação.
É também relevante ponderar que, de acordo com informações coletadas nas redes sociais, a falecida senhora teria praticado malfeitos. Ficou evidenciado que muitas inverdades foram divulgadas — o que é tão lamentável quanto o próprio atentado que tirou-lhe a vida.  É certo que ela destilou sua ira contra opositores políticos e policiais, contrariando-os em demasia. Deixe-se de lado questões como interações afetivas, por serem assuntos pessoais e destituídos de interesse público.
No atinente às características do crime, os investigadores não podem deixar de lado nenhuma hipótese possível para a autoria, quais sejam: (i) policiais civis ou militares, que se consideravam ofendidos ou agredidos; (ii) milícias que atuam nas comunidades cariocas; (iii) facção rival daquela que é correligionária da vereadora. Por implausibilidade, ficam de fora do universo de hipóteses, qualquer grupo criminoso não incluído nesse espectro; bem como o assassinato por integrantes da esquerda ou da direita do espectro político, para em seguida transferir a culpa para os oponentes.

Se de um lado, os aproveitadores de plantão utilizam despudoradamente o cadáver de Marielle para potencializar suas práxis políticas, de outro, o aparato de segurança recentemente implantado no Rio de Janeiro tem uma oportunidade inexcedível para, desvendando oportunamente o crime, desmascarar aqueles que agridem a liberdade, a verdade e a ética, sustentáculos da democracia, para a concretização de seus intentos, sejam eles legítimos ou espúrios.

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