segunda-feira, 14 de maio de 2018

Enem e a BNCC

“Muito se especula sobre o destino do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) a partir da reforma do ensino médio e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Nenhum dos “palpiteiros de plantão”, entretanto, considerou consultar o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia do Ministério da Educação (MEC) responsável pelo exame.” 
 [Maria Inês Fini, Presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em “Enem sem terrorismo”, publicado no jornal O Estado de São Paulo, de 14/Mai/2018].
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Prezada Senhora Doutora Maria Inês,

Com enorme curiosidade e atenção, li seu magnífico artigo “ENEM sem terrorismo”, publicado no Estadão (A2, de 14 de maio).
A primeira inferência relevante é a percepção da complexidade e da profundidade inseridas no esoterismo dos conceitos educacionais brasileiros que a senhora domina como nenhum outro intelectual. Essa constatação é extremamente razoável — não por seu mérito, culpa ou responsabilidade — mas pela quantidade de siglas que alicerçam a densa argumentação que a senhora desenvolveu:  ENEM, BNCC, INEP, MEC, SAEB, ENCCEJA, CONSED, UNDIME, JONTIEM, LDB, SISU, PROUNI, FIES. Fico extremamente temeroso de ter esquecido alguma.
A segunda inferência é que a grande maioria dos professores, supervisores, coordenadores, diretores e outros gestores não aprenderam as lições requeridas para que o Brasil possa alavancar a educação. Sabem eles o significado de todas as siglas? Sabem que Jontiem não é sigla, mas o nome de uma cidade? Sabem que o direito universal de greve é o direito de condenar os mais pobres a prosseguir em estado de pobreza? A rigor, são alguns múltiplos de sete de indagações. Por ora, não convém exaurir esse universo.
Não quero continuar mais com inferências. Há inferências a mais e trabalho de menos. Há teorias a mais e vontade & disposição de menos. Há consciência de direitos a mais e consciência de dever de menos (apraz-me ver repetições no texto; a que mais gosto é o palíndromo perfeito — só conheço um).
Gostaria de substituir inferências por cinco sugestões a serem levadas aos pré-candidatos à Presidência da República. Lá vai:
1)  a partir de 1º de janeiro de 2019, a Educação e a Ciência & Tecnologia são a prioridade estratégica fundamental do Brasil;
2)  fica decretada de forma inquestionável a valorização do professor — a meta é, em curto e médio prazo, transformar a profissão e a carreira de professor em uma das mais procuradas no Brasil;
3)  ficam excluídas de consideração, qualquer teoria e a maioria das siglas dos textos associados com a gestão pública da educação; cuide-se pois de trabalhar, ensinar, fazer aprender e construir uma arquitetura vivencial fundada em valores;
4)  para alguém ser considerado professor, ele deve ministrar aula em três das piores escolas brasileiras e, apenas por força, obra e graça de suas aulas, deve transformar essas piores escolas em escolas situadas na amostra do primeiro terço das melhores escolas (ressalto que esta ideia é impraticável, mas é uma metáfora do que os bípedes pensantes devem conceber, para ser empreendido); e
5) altere-se os códigos jurídicos vigentes para que haja punição severa para quem descumprir esta orientação.
Com o testemunho presencial, gostaria de mostrar indícios e evidências de que o que está sendo sugerido pode ser eficiente, efetivo e eficaz.
Atenciosamente,

ARS

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